• PERVERSÕES: O DESEJO DO ANALISTA EM QUESTÃO

Problematizar a clínica com as perversões trata-se de uma questão ética, pois esse campo encontra-se impregnado de moralismos e preconceitos. Frequentemente testemunho posicionamentos categóricos de que perversos não buscam análise, não sofrem, apena s gozam em função dos males causados às suas vítimas. Os raros que procurariam estariam apenas em busca de algum ganho para fazer uso em manipulações tendenciosas. Embora reconheça sua pertinência clínica, não estou totalmente de acordo com tais afir mações. Como observou Lacan, na perversão, o sujeito se faz instrumento para a restauração do Outro. Isso terá suas implicações em alguns casos, estará em jogo destituir o semelhante de sua condição de sujeito, tomando-o como objeto inanimado, pois seu imperativo de gozo implicará uma espécie de recusa à filiação, colocando em questão as condições de amar, de reconhecer dívida com o outro e de suportar a diferença. Apesar dessas ressalvas, coloca-se em discussão os desafios dessa clínica, pois apenas supor o perverso como mestre da arte de gozar a qualquer preço pode levar ao equívoco de que sua posição situaria um total desprezo ao outro, não havendo, assim, abertura possível para uma análise. Freud, além de reconhecer o aspecto constitui nte da perversão, inaugurando as possibilidades de leitura dessa singular posição subjetiva em relação à castração, apontou a lógica fetichista de reconhecer e desmentir, simultaneamente, a falta no corpo materno. Lacan, por sua vez, ressaltou tanto o desmentido ao lugar atribuído ao pai no discurso do sujeito, quanto o imperativo de se fazer instrumento do gozo do Outro, questões centrais na lógica perversa, sobretudo quando o pai não situa o desejo enquanto insígnia da falta, e a mãe toma o fi lho enquanto objeto de gozo. Portanto, para essa prática se dar, faz-se imprescindível reconhecer alguma instância de sofrimento, condição necessária para acionar o desejo do analista de realizar a leitura dos significantes que capturam as modalidade s de gozo na perversão. Entretanto será somente a partir dos efeitos colhidos em sua própria análise que o psicanalista poderá lidar com o desafio, a angústia, o repúdio e o fascínio implícito na transferência perversa.

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Autor ROSA, JR
Editora APPRIS
Idioma Português
Encadernação BROCHURA
Páginas 327
Ano de edição 2019

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PERVERSÕES: O DESEJO DO ANALISTA EM QUESTÃO

  • BROCHURA

  • ROSA, JR

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