• PARADOXO HAITIANO: IDENTIDADE NEGRA E “BRANQUEAMENTO” NA CONTEMPORANEIDADE

Muitas são as histórias que cercam as bandeiras nacionais que se sucederam desde a independência do Haiti. Atualmente, o lema L’Union fait la force está inscrito sob o brasão da bandeira vermelha e azul. Entre os múltiplos sentidos deste símbolo naci onal encontramos um firme desejo de superação, aquele que seria traduzido na união dos descendentes dos que lutaram contra a escravidão e o domínio francês da antiga colônia de Saint Domingue. A guerra de independência foi capaz de unir, mas o mundo haitiano rapidamente foi cindido entre o urbano e o rural, o citadino e o camponês, com os desafios da construção de um Estado e a afirmação da sociedade que lhe deu origem. A liquidação do latifúndio por meio da consolidação da produção agrícola fam iliar, a escolha de um nome ameríndio para a nova nação, a invenção de uma nova língua e o reconhecimento da origem africana da esmagadora maioria dos que lutaram pela independência, são processos que convivem com a reivindicação de uma herança civil izacional francesa. No debate em torno do caráter excepcional da revolução (Alexis Beaubrun Ardouin versus Thomas Madiou), na reivindicação da perfectibilidade da raça negra em meio à hegemonia do racismo “científico” (Anténor Firmin), na afirmação d a universalidade da cultura do camponês haitiano (Jean Price-Mars), no desejo da reconquista da história por meio de uma nova revolução (Jacques Roumain), o paradoxo haitiano acompanha a aventura do pensamento. A grande contribuição do sociólogo Fran tz Rousseau Déus é contrapor os sentidos da negritude no Haiti ou, em outros termos, as sucessivas teorias nativas do país que engrandecem suas relações com a África e com a diáspora ao tempo que incorporam a herança civilizacional francesa, a um quo tidiano de relações sociais pautado pela valorização da pele clara ou branca. Entre o consumo de produtos associados ao branqueamento, noções de beleza e a dinâmica do mercado amoroso, deparamo-nos com um país onde a luta contra o racismo não se esgo tou numa revolução vitoriosa contra a escravidão e a colonização. De quebra, o texto de Frantz Rousseau Déus propõe um possível diálogo com o Brasil, com outros contextos marcados pela diáspora africana e com a própria África contemporânea.

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Autor ROUSSEAU, DÉUS
Editora APPRIS
Idioma Português
Encadernação BROCHURA
Páginas 175
Ano de edição 2021

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PARADOXO HAITIANO: IDENTIDADE NEGRA E “BRANQUEAMENTO” NA CONTEMPORANEIDADE