A exemplo de Macau, livro anterior de Paulo Henriques Britto, Tarde é composto de poemas em que a ironia e a metalinguagem convivem com o extremo rigor compositivo. O processo de criação é um tema caro ao autor. Seus versos denotam uma reflexão metic ulosa sobre o fazer poético, mas extraem força justamente da aceitação de que o conhecimento teórico não esgota as possibilidades de sentido. Entre as vertentes arcaizantes, defensoras das formas poéticas canônicas, e os adeptos do verso livre, Brit to consegue uma rara conciliação: apesar de rimados e metrificados com minúcia, seus poemas são coloquiais e bem-humorados como na melhor tradição modernista. "Perdão se sou existente - perdão! Quis dizer ''''''''insistente'''''''', diz num dos poemas de "Se te peças acadêmicas". O tom elevado encontra sempre um contrapeso no chiste e na autoparódia. Os entraves para uma comunicação efetiva com o leitor - não apenas decorrentes das limitações da linguagem, mas do próprio estatuto acanhado da poesia no p aís - e a inadaptação ao mundo, expressa em poemas como "Para um monumento ao antidepressivo", constituem núcleos temáticos igualmente centrais em Tarde. Tradutor entre os mais prestigiados do país, Britto consolida com este livro lugar de igual dest aque na literatura brasileira.
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L020-9788535910438 |
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Autor |
Britto, Paulo Henriques |
Editora |
COMPANHIA DAS LETRAS |
Idioma |
Português |
Encadernação |
BROCHURA |
Páginas |
96 |
Ano de edição |
2007 |