“O Peregrino” é um texto que nos faz refletir, à luz de uma cosmovisão afro-indígena e brasileira, a necessidade de demover a dura materialidade do passado, com a borduna que brandimos hoje, no presente, diante do monstro invisível do futuro. Refleti r e também agir sobre o nosso próprio reflexo turvo sobre o lago, enquanto Brasil. Sendo aqui fundamental compreendermos o intenso caldeirão cultural, social, político e econômico entre os séculos XVII e XVIII, retratados na peça.
As tensões oriund as do Brasil versus Palmares o início do Ciclo do Ouro a reivindicação da (milícia) bandeirante sobre as riquezas do país e a Guerra dos Emboabas, são alguns dos contextos nacionais que vão ressoar em outros acontecimentos históricos importantíssim os logo adiante. Acontecimentos estes, que até hoje reverberam e reabilitam-se em ecos de ações e reações de um povo brasileiro sufocado, mas sempre resistente e sedicioso — ao contrário do que diz o senso comum —, pelos novos modelos de mercado num capitalismo à época em ascensão, estruturado pela mão de obra negra escravizada. E delimitando todos os mínimos contornos das cidades e fronteiras regionais estabelecidas neste território que conhecemos hoje.
O encontro de importantes personagens hi stóricas, com imagens atuais de muitos Brasis impressos em outros corpos, vozes contemporâneas, espíritos, ancestrais, paisagens e gestus, dão a força necessária a essa história e nos faz escavar a matéria-prima da (vã) esperança, nestes recortes de tempo que se encontram quase que num épico diálogo andradiano. (referência ao dramaturgo Jorge de Andrade, falecido em 1984, autor de telenovelas). Ao mesmo tempo, nos ajuda, com a ácida e habilidosa crítica social do autor, a focar a lente para o ag ora e pensarmos: quem de nós somos os “emboabas” nesse país que ainda custa a nascer com um projeto de nação? De mesmo modo, esse ser Peregrino, alegorizado na personagem-título, que simboliza em todas as suas contradições um pouco dessa alma brasile ira forjada pelas brutais espirais do tempo. Tomemos cuidado. Pois, como assinala o prólogo, “As alegorias são intolerantes, na sua bondade ou na sua maldade”.
Formar um Brasil, passa por reconhecer todas as sete pontas da estrela, na sua história. (Prefácio escrito pelo músico, ator, poeta e pesquisador Elinaldo Nascimento)
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Autor |
ROGERIO, GUARAPIRAN |
Editora |
Letra Selvagem |
Idioma |
Português |
Encadernação |
BROCHURA |
Páginas |
104 |
Ano de edição |
2024 |